quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mulher na PF

A Mulher na Força Especial da Polícia Federal

Participação feminina cresce na Polícia Federal, que começa exercer atividades antes consideradas de domínio masculino.

A presença feminina nos órgãos militares e de segurança pública antes era rara. Hoje elas chegam a um número aproximado de 44 mil mulheres. Aquela imagem da policial de saia, sapato alto e meia fina ficou no passado, hoje elas colocam o seu coldre, coturno, uniforme operacional, e vão ao trabalho. Nas chefias das delegacias e nas divisões a presença delas era um fato praticamente improvável, pois essa era uma área que parecia ser de atuação exclusiva dos homens. Em setembro deste ano a agente de Polícia Federal Denisse Dias, aos 26 anos, entrou para o Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (COT), grupo de elite, até então reduto dos homens, e começa a fazer história. Ela foi a primeira mulher a fazer parte do grupo.


Natural de Marília/SP, e de família de policiais ela sempre sonhou com esta carreira. Antes de entrar para a Polícia Federal, em 2005, era oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) “Minha família é de policiais, minha mãe é da Polícia Civil de São Paulo, meu pai e meu irmão são oficiais da PMESP, além de tias, tios e avô que também são policiais”, conta.


Denisse foi aprovada no curso que exigiu muito de seu condicionamento durante quatro meses junto com outros policiais. Trinta e seis policiais federais se inscreveram nesta seleção como voluntários. Deste total apenas duas mulheres fizeram parte do grupo. Outra agente participava do grupo, mas não resistiu ao teste de fazer 10 barras que o policial é obrigado a fazer. As dificuldades nos testes físicos e as pressões não foram obstáculos para a policial. O seu excelente preparo físico foi uma das vantagens levantadas por ela que contribuiu para o seu sucesso. A tendência é o fortalecimento das mulheres dentro dos órgãos de segurança pública, mais do que isso a conquista e a concorrência em iguais condições com os homens. “A exigência com a questão física é grande, mas acho que pior é a questão psicológica. O mais difícil foi raspar o cabelo, eu tinha cabelos longos”. Cortar os cabelos era uma exigência. Para muitas mulheres este seria primeiro obstáculo para seguir nesta carreira: abrir mão de parte da vaidade que é natural a qualquer mulher.

Fisicamente a fase mais difícil foi no Amazonas junto com os Fuzileiros Navais – operações ribeirinhas. Foram 15 dias de exercícios físicos, treinamento, dormindo duas horas por dia e com alimentação restrita. “Tínhamos que dormir em barraca e depois em redes, no meio da selva sem nenhum auxílio da tecnologia, da água encanada e eletricidade”, recorda.

Antes de fazer os testes do COT, Denisse treinou 5 meses, diariamente. Seus colegas de trabalho foram os principais responsáveis pela sua preparação. Lotada na Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Superintendência de Mato Grosso do Sul sua maior dificuldade foi o tiro de 100m que deveria ser executado em 15 segundos. “Era o teste que eu tinha mais dificuldade e receio de não conseguir realizar no tempo determinado. Não poderia deixar de mencionar agente Edson, um colega da Delegacia de Polícia de Imigração (DELEMig), que me acompanhou nos treinamentos durante os 2 primeiros meses, esse apoio foi de grande importância para eu atingir os valores estabelecidos nos testes”. Durante o curso, a agente lembra que encontrou vinte “anjos da guarda” em sua companhia.


Para alcançar o sucesso profissional, ultrapassando as barreiras da competição, no mercado de trabalho, nas grandes organizações e até mesmo na área de segurança pública o valor está nas qualidades pessoais. Para isso existe dentro dessas instituições uma grande discussão com o objetivo de incentivar os profissionais a desenvolver e aprimorar suas habilidades, quanto maior este volume de adjetivos maiores são as chances de alcançar sucesso nas suas atividades profissionais. Nesse quesito a mulher tem certa vantagem. Características como a sensibilidade, a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, assumindo vários papéis, abrindo mão de si mesma e a preocupação de fazer tudo da melhor maneira possível, mesmo com tantas atribuições ela busca manter a harmonia de suas relações. O que para homens parece ser uma fragilidade para mulheres é tratado como um dom.


A mulher que pretende ingressar no serviço policial deve se preocupar em manter o condicionamento físico pois ele é essencial para o cumprimento das atividades, além de gostar desse tipo de trabalho. Resistências ainda existem, mas devem ser tomadas como motivação para concluir o curso. “Em todo setor estritamente masculino existe uma resistência em relação à presença da mulher, principalmente na área policial”. Quando ainda era oficial em São Paulo, Denisse foi testemunha de diversas situações preconceituosas e afirma que na Polícia Federal não é diferente é apenas mais sutil. “Aprendi a não me importar com alguns tipos de pensamentos, até acho engraçado alguns deles, procuro realizar meu trabalho de maneira séria e profissional, demonstrando que sou uma policial tanto quanto eles”.


Entre as mulheres os comentários não poderiam ser melhores, Denisse recebeu todo o apoio e incentivo das colegas, pois achavam que era importante ter uma representante feminina neste setor, antes restrito aos homens. Para elas a ousadia deve ser um ingrediente indispensável para conseguir o total respeito a sua capacidade e deixar de lado o medo de errar e de enfrentar a livre iniciativa, acreditar que podem fazer acontecer.

A mulher que inicia sua carreira na Polícia Federal fazendo história, aguarda sua remoção definitiva para o COT. “Eu terminei, fui aprovada e agora eu e os outros integrantes do curso (formaram 16) aguardamos a futura remoção, agora só nós resta esperar, estamos ansiosos por isso”, suspira Denisse.







Quadro com o quantitativo feminino na Segurança Pública Nacional

ÁREA
EFETIVO
TOTAL
Polícia Militar
22.135
41.180
Polícia Civil
15.352
Corpo de Bombeiros Militar
4.693

Fonte: Ministério da Justiça / Secretaria Nacional de Segurança Pública / Departamento de Pesquisa, Análise da Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública / 2005.



POLÍCIA FEDERAL
ÁREA
EFETIVO
TOTAL
Delegadas
194
2.647
Agentes
523
Peritas
83
Escrivães
427
Plano Especial de Cargos (Administrativas)
1.371
Fonte: Divisão de Comunicação Social




Quadro informativo
O COT
O comando surgiu em 1987, quando dos primeiros membros recrutados, mas somente em 1990 que o COT veio fazer parte do organograma da Polícia Federal. Sua missão é “salvar vidas e fazer cumprir a lei” em situações classificadas de alto risco. Além do constante treinamento, o grupo participa de cursos no Brasil e no exterior visando a especialização e conhecimento de novas técnicas de combate ao crime. Hoje os integrantes o grupo são respeitados por organismos como a SWAT, da polícia de Miami, na Flórida/EUA e do Departamento de Estado do Governo dos EUA, como uma equipe de igual excelência na realização de seus trabalhos. Para ingressar no COT, além das avaliações físicas, considera-se a conduta e a experiência policial. O policial deve ser delegado há no mínimo dois anos ou agente há no mínimo um ano e ter idade limite de 35 anos


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