domingo, 6 de março de 2011

À frente da Polícia, sem descer do salto

Por Isabel Clemente

Mailine Alvarenga
A nomeação de uma mulher para chefiar a Polícia Civil do Rio rapidamente percorreu todo o país. Não só pelo ineditismo de uma mulher estar no comando da Polícia carioca, mas também pela crise que colocou Martha Rocha no posto (leia entrevista dela ao Mulher 7×7). Martha Rocha não está só. Ela é a terceira mulher a assumir uma polícia civil, este ano, no país. A primeira chama-se Mailine Alvarenga.

Nascida em Belo Horizonte e criada em Brasília, a delegada Mailine chegou a uma das cadeiras mais disputadas pelos políticos locais sem ter ligação com nenhum deles. A convite do governador do Distrito Federal, o petista Agnello Queiroz, a delegada tem o “perfil técnico” que vem ganhando cada vez mais espaço no governo da presidenta Dilma Rousseff e aliados.

Mailine conhece bem a corporação que passou a administrar. Ela tem 49 anos de idade e quase metade deles (23) dedicados à polícia. As polícias de Brasília são as mais bem pagas do país. Na PM, cabo ganha no mínimo R$ 4 mil, e tenente, R$ 9 mil. Na Civil, o piso equivale ao da Polícia Federal: R$ 7 mil.

Na primeira vez em que recebeu o Mulher 7×7, na semana passada, Mailine enfrentava uma operação-padrão de sua polícia. Por 72 horas, os policiais restringiram o atendimento ao público aos delitos graves. A greve pretendia mobilizar o governo federal para a pauta de reivindicação da categoria: aumento de 28% e reestruturação da carreira.

“A gente não ganha tão bem como falam não. Policial se arrisca. Tem gente que ganha muito mais para ficar dentro de gabinete”, diz Mailine Alvarenga, hasteando a bandeira da corporação.

Com um salto seis nos pés, a delegada de 1,57m continua mignon. Maquiada de forma discreta, com as unhas vermelhas e dentro de um tailleur preto bem cortado, Mailine não hesita em se definir como vaidosa. “Não desço do salto”, diz, mostrando que, na bolsa, além da arma automática ponto 40, que pesa aproximadamente 2,5 kg, leva pente, maquiagem.. “Isso exige uma bolsa com alças bem fortes”, diz.

O salto já lhe rendeu contratempos, tipo atolar na lama numa operação de resgate de um corpo. E morre de rir. A risada, aliás, é uma marca. Por causa dessa gargalhada singular, certa vez, um detento a reconheceu pelo riso de dentro do xadrez, e gritou por ajuda, achando que estava falando com a jovem advogada Mailine, que àquela altura já era delegada.

“Doutora, me tira daqui!”
“Ah, meu filho, você vai ter que ficar aí mesmo ou arrumar outra advogada porque mudei de lado!”.

E ri da situação.



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