sexta-feira, 11 de março de 2011

Uma mulher de pulso firme


Nelma Tomazi Medeiros da Rosa é a primeira mulher a comandar a Delegacia da Polícia Civil da Comarca de Irineópolis


Mãe de uma menina de 9 anos e de um menino de 17, Nelma Tomazi Medeiros da Rosa, 38 anos, é a escrivã responsável pela Delegacia da Polícia Civil de Irineópolis. É a primeira mulher da história do município a ocupar o cargo.
Ela trabalha na Polícia Civil desde 1998, quando assumiu como investigadora pela primeira vez, atuando por dois anos na cidade de Porto União, sua terra natal. “Na época eu era funcionária pública, estava cursando pedagogia e fiz o concurso para investigado da Polícia, como mais um dos vários concursos que fazia. Nunca pensei em ser Policial”, revela.
Depois desse período em Porto União, Nelma atuou por três anos no litoral. Em 2002 fez o concurso para escrivã, passou e enquanto aguardava a nomeação do cargo, atuou juntamente com seu marido e também policial civil Renato Lenartowicz, na cidade de Matos Costa-SC, onde permaneceu por dois anos como investigadora e escrivã. “Quando ingressei na Polícia era muito mais difícil, a mulher era vista com outros olhos, a sociedade e os próprios colegas de profissão eram mais preconceituosos”, afirma.
Para ela, houve um avanço muito significativo, que melhorou a condição das mulheres na sociedade enquanto profissionais. “Ultimamente o quadro está mais equilibrado, tem bem mais mulheres trabalhando na Polícia”, comenta. Mas mesmo com tantos direitos adquiridos, segundo ela preconceito, ainda existe.
ELA
Os olhos são perspicazes, centrada e direta. Nelma é portadora de uma simplicidade acolhedora, que denota estilo maternal. Sua serenidade revela o que seu sorriso tímido tenta esconder. Ela tem pulso firme. “A vida de policial tem doses de aventura que exigem altas doses de coragem”, destaca a escrivã que mesmo trabalhando com a parte burocrática, revela ter preferência pela parte operacional da Polícia.
Em 12 anos atuando na área, a investigadora comenta que não há um dia igual ao outro. “Ser policial é estar pronto para tudo e não ter nada programado”, afirma. A investigadora ressalta que nas operações a mulher policial participa da mesma maneira que o homem. “O que fala mais alto com certeza é a razão e obediência a lei”.
EM CASA
Independência e liberdade tanto financeira quanto de direitos são ressaltadas por Nelma como as principais vantagens adquiridas pelas mulheres nos últimos tempos. “A mulher não depende mais do homem e isso em todos os sentidos”, reforça. Mas o que infelizmente não mudou muito, segundo ela, é que e a vida doméstica ainda é tarefa basicamente das mulheres. “Lá em casa, nós fazemos um mutirão de limpeza com os filhos”, conta rindo.
Sobre a tripla jornada de trabalho, Nelma comenta que procura equilibrar, mas que não é fácil. “A dedicação profissional acaba sendo maior e quem reclama é a família”, revela. Ela abdica parte do tempo de lazer com a família para o trabalho. Além das atividades semanais, em alguns finais de semana fica de plantão na Comarca e atende os municípios de Irineópolis, Porto União e Matos Costa.
Mas mesmo com tempo limitado, é possível perceber a mãe atenciosa que é, e super protetora, como ela mesmo confirma. “Quando se convive com o mundo como nós policiais convivemos, a gente passa a ver atitudes e comportamentos com olhos perceptivos, nós procuramos sempre mostrar essa realidade a nossos filhos”, explica. Apesar da autoridade e pulso firme na chefia da comarca de Irineópolis, em casa, Nelma é mais tolerante. “Quem tem mais autoridade em casa com os filhos é o marido”, conta.
Outra paixão da investigadora, além dos filhos e do marido, são as artes marciais. Nelma foi campeã catarinense de caratê no ano 2000, atualmente parou de treinar por falta de tempo e o que lhe resta é incentivar a família toda que também se dedica a arte. Ela reclama a falta que sente das atividades esportivas e já adianta que deseja retornar com os treinos de caratê o mais breve possível ou pretende se aperfeiçoar em outra arte marcial.
Para Nelma o trabalho constrói o cidadão, ela finaliza a entrevista destacando que o dever das mulheres “é trabalhar por seus objetivos e nunca desistir, mesmo que apareçam obstáculos”.

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