sábado, 12 de março de 2011

Apesar de sua dedicação, a delegada diz que ainda é vítima de preconceito da população



No mês de abril a delegada completa um ano a frente da Delegacia de Atendimento a Mulher de Três Lagoas
Foto: Luciana Navarro
Há quase um ano à frente da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM), a delegada Letícia Móbis, mostra que graças a sua competência o número de denúncias cresceu e que as mulheres passaram a procurar a delegacia com mais freqüência para registrar os boletins de ocorrências.

"Talvez por eu ser mulher as mulheres se sentiram mais a vontade de vim até a delegacia e a comunicar os casos"

— Letícia Móbis, delegada

Natural de São Paulo, uma das razões que Letícia, de 29 anos, escolheu atuar em Três Lagoas foi pela cidade ser administrada por uma mulher. “Por ter uma prefeita eu vi que seria mais fácil estabelecer uma rede social com a administração e a cidade também apresentava um potencial industrial muito grande. O fato da Delegacia da Mulher ser administrada por um homem também foi um dos fatores que me trouxe para Três Lagoas”.
A delegada disse que é respeitada no meio policial, mas a própria população falta com respeito
Foto: Luciana Navarro

CONFIANÇA FEMININA

Após sua chegada, em comparação aos números das denúncias de 2009, Letícia comprovou que sua presença fez com que as mulheres passassem a visitar com mais freqüência à delegacia e a registrar os fatos que aconteciam contra as mesmas. “Talvez por eu ser mulher as mulheres se sentiram mais a vontade de vim até a delegacia e a comunicar os casos. Elas passaram a confiar mais na delegacia. Muitas das vezes, elas chegam aqui e pedem para conversar com a delegada, porque elas se sentem representada”.
Comparando os anos de 2009 e 2010, a delegada disse que as denúncias de injúria cresceram 29% e os de crimes sexuais 38%, o que demonstra que as mulheres passaram comunicar mais os crimes.

"Algumas pessoas fazem piadinhas, como se eu não agüentasse o peso da minha arma, e na delegacia, alguns homens que são chamados por causa dos boletins de ocorrências acabam gritando e faltando com respeito"

— Letícia Móbis, delegada

PRECONCEITO

Apesar de toda a liberdade feminina e pelo país ser presidido por uma mulher, Letícia explica que ainda sofre alguns preconceitos, mas não de seus colegas de trabalho e sim da população. “Algumas pessoas fazem piadinhas, como se eu não agüentasse o peso da minha arma, e na delegacia, alguns homens que são chamados por causa dos boletins de ocorrências acabam gritando e faltando com respeito”.
Diante de fatos com estes, Letícia explica que é necessário agir com autoridade. “Costumo demonstrar que não sou eu quem está ali e sim a ‘Delegada Letícia’, que representa um cargo e merece respeito”.
Letícia diz que boa parte das mulheres que registrar B.O. contra os parceiros acabam retirando as queixas a pedido dos homens
Foto: Luciana Navarro

PROTEÇÃO À MULHER

Apesar de toda a dedicação com que Letícia atua em sua carreira, a delegada disse que falta uma divulgação melhor das conseqüências que os homens podem ter quando cometem crimes contra a mulher. “Os homens precisam saber que não existe mais aquela pena alternativa e que agora eles podem ser presos. Nós podemos entrar com medida de prisão cautelar e que acabou a pena da cesta básica”.

"Costumo demonstrar que não sou eu quem está ali e sim a ‘Delegada Letícia’, que representa um cargo e merece respeito"

— Letícia Móbis, delegada

PROJETOS

Em 2011 a delegada diz que pretende diminuir os casos de abusos sexuais contra menores de 14 anos, que em 2010 foram registrados 45 ocorrências. “As pessoas precisam saber que qualquer envolvimento com menores de 14 anos é crime, mesmo se os pais permitirem”.
Para conseguir atingir sua meta, a delegada disse que irá trabalhar com palestras e outras ações educativas.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

No dia de hoje (8), a delegada deixa um recado de motivação e superação para todas as mulheres. “Que elas não sedam à violência e procurem as autoridades para denunciar as agressões e ameaças. É importante também que elas não retirarem as queixas, mesmo se os parceiros e ex-parceiros solicitarem”.

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