“Entrei na Brigada por amor”
Em 29 de outubro de 1990, chegava a Passo Fundo o primeiro Pelotão Feminino, formado por corajosas mulheres que aceitaram o desafio de quebrar paradigmas da sociedade em busca do desafio de serem policiai militares. Com lágrimas no rosto a soldado Miriam Canova da Rosa afirma que encarou a situação por amor, e que faria tudo de novo
A mão delicada contrasta com o revólver. As unhas pintadas destoam das algemas. Os cabelos longos se escondem sob bonés. O batom é discreto. A maquiagem é leve. A vaidade é a mesma. Mães. Filhas. Esposas. Mulheres! Trinta e cinco mulheres. Trinta e cinco corajosas guerreiras. Mulheres policiais!
No dia 29 de outubro de 1990, 35 pessoas davam início ao bravo desafio de formar o Pelotão Feminino da Brigada Militar de Passo Fundo, comemora 20 anos de inclusão na Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul. Há 20 anos, quebrando paradigmas, a corporação se embelezava com a inclusão de 35 policiais do sexo feminino. Hoje são 38 delas no 3º RPMon, oferecendo segurança à população.
A história
Depois de nove meses de formação técnica e específica para a atividade de Policiamento Ostensivo, realizada em Porto Alegre, no dia 19 de julho de 1991, exatamente às 10h, sob olhares curiosos da várias pessoas, o comandante da escola, tenente coronel Álvaro Raul Cruz Ferreira e a comandante da turma, a 2º tenente Simone Kilian Braga, anunciavam a formatura da turma.
Em 10 de agosto de 1991, às 11h, no pátio do 3ºRPMon, tendo como comandante da unidade o tenente coronel Nei Roberto Flores Cáceres e o coronel Antonio Tadeu Monteiro Dourado, com a presença de várias autoridades, convidados e familiares, ocorreu a solenidade de incorporação do Pelotão Feminino do 3ºRPMon.
A expectativa foi grande, tanto na parte da comunidade presente na cerimônia, quando das novas policiais militares e seus colegas de trabalho. Na oportunidade foi inaugurado as novas instalações do Pelotão Feminino, construídas especialmente para as PMs. O Pelotão foi equipado também com uma viatura, um Fusca de prefixo 334, utilizado para o patrulhamento da cidade.
A imprensa escrita e falada da época, manifestaram-se sobre a atuação das Policiais Militares, como é possível relembrar no Diário da Manhã do dia 29/08/91, onde foi realizada uma pesquisa junto a comunidade para saber sobre a atuação das policiais femininas, se estas estavam agradando quanto as serviços prestados, sendo por unanimidade positivo o serviço executado pelas PM.
A mulher na polícia
O comandante do 3° RPMon, tenente coronel João Darci Gonçalves, garante que não há diferença entre o trabalho do homem e da mulher na polícia. “A mulher, quando entra na corporação, faz o mesmo curso. As instruções de defesa pessoal, de tiro e matérias técnicas, são as mesmas.”
Segundo Gonçalves, elas atuam em todas as frentes. “Elas trabalham no Pelotão Hipo, no POE, no Pelotão de Motos, na Sala de Operações e nas Seções Administrativas. Só não temos hoje mulheres trabalhando no presídio, mas não há um motivo de não ter. Se aparecer alguma voluntária para trabalhar no presídio elas também podem exercer essa função”, garante o coronel.
O comandante do 3° RPMon lembra que existe uma diferença natural da mulher para o homem, por ela ser mais delicada, ter um sorriso mais fácil, se cuidar mais mantendo a questão da beleza e cuidando melhor da farda. Para ele, as guerreiras que a 20 anos assumiram o desafio de formar o primeiro Pelotão Feminino tiveram de enfrentar muitos desafios. “Tive a oportunidade de dizer para elas que tiveram muita coragem, pois estavam quebrando um ciclo, algo que a Brigada Militar até então não tinha. Elas foram as primeiras e, sempre em uma primeira vez, a expectativa é maior. Não tinham sequer com quem buscar uma experiência, pois foram as primeiras e colocaram a cara para bater”, finaliza Gonçalves.
A escolha pela carreira
“Aos 21 anos de idade ganhei uma farda de um colega que hoje não está mais na Brigada. Sempre fui espontânea, gostava de ajudar o pessoal, de brigar por uma causa. A princípio queria ser enfermeira para ajudar a população, mas quando soube, em 1988, que havia possibilidade de mulheres fazerem parte da corporação da Brigada Militar, comecei a ligar para Porto Alegre e fazer contato, porque naquele tempo a idade era até 25 anos e eu não podia perder muito tempo. Comecei uma labuta, sou formada em Pedagogia pela UPF, e meu sonho sempre foi ser policial militar. Sou a única pessoa de toda a minha família que sou militar. Fiz curso para oficial, reprovei. Fiz para sargento, reprovei. Comecei a ficar desesperada, mas não desisti.” (Miriam)
A reação dos familiares
“Os homens da família aceitaram, mas as mulheres não. Minha mãe e minhas tias achavam o fim do mundo eu entrar na polícia. Depois todos acostumaram com a idéia e todos aceitaram bem.” (Sandramara)
Enfrentar uma carreira que para muitos seria voltada para o homem foi um desafio para muitas das mulheres que buscaram o desafio de entrar na Brigada Militar. Se hoje ainda existem opiniões contrárias dentro da família, há 20 anos a dificuldade era ainda maior.
Para a soldado Luciane, a escolha dela e do irmão pela carreira militar não agradou a mãe. “A minha mãe não gostou. Ela chorou, não queria, achava muito arriscado e não aceitava ter os dois filhos militares em função do risco de vida. Agora, depois de quase quatro anos, ela aceita um pouquinho, mas não concorda com a minha escolha e pede sempre para eu estudar e tentar outra carreira.”
Já Francieli, mesmo tendo o pai na carreira militar, teve que insistir inicialmente para seguir ingressar na BM. “O meu pai era bombeiro e se licenciou da Brigada Militar antes mesmo de eu nascer. Ele não queria de jeito nenhum, disse que não concordava e que eu não iria entrar, porém, depois foi quem mais me deu apoio. Assim que passei na primeira fase do concurso ele foi comigo para Porto Alegre, me incentivou, me apoiou um monte. Minha mãe resistiu um pouco no começo, mas sem nunca dizer que sim ou que não, até hoje tu fala para ela em ir trabalhar na rua e ela se ‘escabela’, mas tem muito orgulho em sair dizendo que a filha dela é policial.”
A soldado Miriam da Rosa não recebeu apoio da família. Segundo ela, eles viam a policia militar como uma profissão não tão adequada para a mulher. “Ainda havia um preconceito, mas, no final das contas, meu pai e minha mãe me ajudaram do jeito deles.”
O desafio do curso de formação
“As situações que marcam são os cursos que fazemos. O meu foi o de soldado, que para mim foi muito difícil, pois não conhecia nada de hierarquia, de disciplina, não tinha noção do que era ‘sim senhor’, ‘não senhor’’. A gente sofre bastante, pois temos que ficar preparadas tanto fisicamente quanto psicologicamente.” (Luciane)
Nove meses de curso, encarando chuva e frio, com toda peculiaridade específica da mulher, foi só mais um dos desafios das bravas policiais que garantem que comandantes e colegas sempre souberam entender às situações com todo o respeito.
Visivelmente emocionada e não contendo as lágrimas, Miriam da Rosa relembrava o difícil início da carreira, quando se prepara para viajar para Porto Alegre. “Lembro que viajei com uma sacola azul e vermelha, onde coloquei as poucas roupas que tinha. Consegui comprar um chinelo de dedo e fui. Depois que passei a família compreendeu as minhas necessidades e angústias. A gente é do interior e, indo para a Capital, é tudo muito difícil. Ainda lembro que diziam: ‘os colonos de Passo Fundo’, pois em vez de dizer mangueira a gente dizia ‘manga’, puxava o ‘e’ na hora de falar ‘ leite’. Éramos criticadas nesse sentido”, relata Miriam.
Sandramara Dalatezze, com as mãos inquietas, parecia estar vendo o filme do momento da partida e lembrou que várias vezes teve vontade de voltar para casa. “Foi difícil para nós, pois na maioria éramos do interior e estávamos longe de casa, em um alojamento. Se você vai para o treinamento e depois pode ir para casa não fica tão difícil, mas lá estávamos o tempo todo, só podendo ir poucas vezes visitar a família. Tive vontade de ir embora, mas nessas horas pensava: ‘larguei meu emprego para estar aqui’, aí repensava e juntava forças para ficar.”
A carreira e o futuro
“Se fosse fazer tudo o que eu fiz, juro que faria tudo de novo, mesmo com todas as dificuldades. Entrei na Brigada por amor e faço tudo por amor. A Brigada é uma profissão, não é um trabalho. Sempre disse que não me importaria em receber ou não, pois é gratificante servir à população.” (Miriam)
O amor de Miriam pela profissão não é unânime a todas as colegas. Sandramara, por exemplo, garante que gosta do que faz, porém, devido ao aumento da violência, é provável que escolhesse uma carreira diferente. “Se fosse hoje talvez eu escolheria uma carreira diferente. A violência aumentou muito. No meu caso, estou a 15 anos fazendo o mesmo trabalho devido a um acidente que sofri. Na época da minha entrada, a gente ficava mais responsável por fazer o policiamento na frente dos colégios, era mais separado do masculino. Hoje já não há mais essa diferença, pois até o curso é em conjunto com os homens. O treinamento é o mesmo e se tornou bem mais complicado.”
Sandramara ainda tem três anos para fechar o tempo de serviço. Pensando no futuro com um sorriso no rosto, ela confessou que depois pretende montar algum negócio próprio para continuar trabalhando, mas sem àquela idéia de ter que cumprir um horário. Para ela, depois de longos anos na mesma atividade, não é mais possível ver as coisas de forma normal. “Você está sempre mais alerta e tudo isso se torna cansativo.” Ela garante que não pensa em voltar depois, mas também não descarta a possibilidade. “Quem sabe o cansaço faça a gente desanima um pouco e, depois de sair e descansar um pouco, o pensamento mude. Não vou dizer que não vou voltar, mas no momento ainda não penso nisso.” Ela complementa: “Se minha filha quisesse seguir a mesma carreira eu não iria contrariar, pois eu fui contrariada e achei ruim, mas procuro mostrar para ela um outro lado.”
Já Luciane Schroeder ama a profissão e só trocaria de ofício caso conseguisse passar em um concurso com maior remuneração, então, nas horas de folga da Brigada Militar se dedica aos estudos. Francieli tem o pensamento parecido com o de Miriam e, por amar ajudar o próximo, pretende continuar seguir na polícia. “Adoro a profissão e não trocaria. Meus planos são de crescer dentro da Brigada.”
Histórias de amor
“Quando viemos para cá foi feito um pelotão exclusivamente feminino. Tenho orgulho em dizer que era motorista da viatura 334 (um Fusca), que estava sempre com problemas. O sargento dizia assim: ‘Procura aquele baixinho que ele vai dar um jeito na viatura de vocês, procure que ele vai conseguir mais combustível’, e foi assim que conheci meu futuro marido. Começamos a conversar, a namorar, casamos, formamos uma família, temos dois filhos, e no dia 05 de dezembro faremos 18 anos de casados” (Miriam)
A bela história de Miriam é confirmada pelo marido Julio Eloir da Rosa, na época mecânico da Brigada Militar, hoje atuando no CRPO Planalto. “A partir do momento em que nos conhecemos foi nascendo uma amizade que com o tempo foi crescendo, até virar um amor. Na época ela era a motorista e eu o mecânico. Lembro que, quando o pelotão feminino veio para cá, foi eu quem foi pegar uma viatura e montar para servir a elas”, relata Julio.
Outra bela história foi vivida pela alegre soldado Luciane, que conheceu o futuro marido no regimento. Há alguns meses, ela viveu uma situação difícil ao lado do companheiro, quando os dois faziam patrulhamento, se defrontaram com ladrões de carro e trocaram tiros com eles. “Foi tão rápido que não saberia dizer o que senti no momento. Estávamos de um lado ele e eu e do outro os caras atirando contra a viatura. No momento não tive muito tempo de pensar, pois foi tudo muito rápido, mas fiquei com o coração na mão”, relata emocionada.
“Já aconteceu comigo.” Com esta afirmação, a soldado Fernanda Correa, há três anos na Brigada Militar, confessou que já teve o coração fisgado por um policia. “Conheci um colega de trabalho há dois anos e meio, mas foi fora da BM, e desde então estou com ele.”
Sandramara é uma exceção entre as policiais com quem tivemos a oportunidade de conversar. Ela se casou em 1995, cinco anos depois de entrar na Brigada Militar, porém, com um homem de fora da corporação. Para ela, o fato de ser uma policial nunca atrapalhou o relacionamento. “Estamos juntos há 15 anos e ele sempre aceitou bem a questão dos horários e do trabalho de policial.”
O reconhecimento
“Se você vai atender uma ocorrência onde encontra uma mulher, normalmente ela te admira, te acha linda. A mulher normalmente tem você como um ídolo para ela. O homem ainda tem um machismo e fica meio desconfiado, ele respeita, mas ainda tem uma resistência” (Luciane)
Assim como o coronel Gonçalves definiu como de ‘muita coragem’ a trajetória das mulheres que fizeram parte do primeiro Pelotão Feminino, a soldado Luciane também é uma admiradora da mulher na BM e, principalmente, das guerreiras policiais com 20 anos de Brigada.
“Principalmente nos casos das colegas que tem 20 anos de Brigada minha a admiração é grande. Elas são verdadeiras guerreiras, pois para conciliar filho, trabalho e casa, além do que muitas que ainda estudam. Não é para qualquer uma. A rotina é puxada, pois você precisa dar atenção para os estudos, atenção para o trabalho, atenção para os filhos, atenção para o marido. Tu tem que se desdobrar em mil”, comenta.
Pelas ruas
“O que mais me impressionou nesse tempo de serviço foi o tempo que trabalhei na força-tarefa da ´Operação Canarinho´, na Penitenciária Estadual do Jacuí, onde pude ver como ‘não funciona’ o sistema carcerário. Eu trabalhava na sala de revista e tinha bastante contato com as visitas. Pude ouvir relatos e acompanhar tudo o que aquelas mulheres passam. Saber que tem pessoas que saem no meio da madrugada pare chegar na fila, esperando embaixo de sol e chuva, carregando sacolas e levando crianças, para visitar o companheiro preso. Eu não conseguia entender como era complexa a relação do ser humano. Como uma pessoa se sujeira a tanta coisa, se era amor ou o que seria então?” (Francieli Seganfredo)
Situações como a relatada pela soldado Francieli Seganfredo mostram um pouco da realidade encontrada pelos policiais nas ruas, mas que, aos olhos das mulheres, ganham outra dimensão no momento da análise de todo o contexto que representam. “Te desconcerta, por exemplo, encontrar menores de idade envolvidos em drogas. Como mulher policial, você tem que levar eles para a delegacia, mas a vontade é de cuidar, dar banho, colocar em um abrigo, porém, o dever legal é prender.” Quem complementa o relato é a soldado Luciane: “O homem não tem tanto sentimento, tanta emoção. A mulher, quando chega na ocorrência, já analisa todo o contexto. Por ela ter o instinto materno também tem o instinto de proteção, o que faz com que ela tenha um crítica mais forte e pesada em relação à ocorrência.”
A soldado Luciane Schroeder esteve duas vezes em Coqueiros do Sul, na época em que houve a invasão do MST em uma fazenda. Ela relata que viveu momentos de muita tensão. “Fiquei vinte dias acampada lá, fazendo barreiras junto com colegas, abaixo de chuva na madrugada e de sol forte durante o dia. Tínhamos um perímetro para identificar o pessoal que entrava e saia do movimento. Você está sempre com o coração na mão quando está nesse tipo de trabalho, pois não sabe o que pode acontecer no outro dia, na próxima hora, se vai ter o confronto ou não, é bem tenso psicologicamente.”
A vaidade feminina
“Pode usar maquiagem sim, mas tudo de maneira discreta. Um batom discreto, um esmalte clarinho, nada que chame muito a atenção. Até pelo que a farda representa para a sociedade. Mas vaidade todas nós temos, desde a unha pintada, o olho, o cabelo, o cuidado com a farda, a mulher é a mesma” (Luciane)
Onde elas estão hoje
- Major Simone Killian Braga, Chefe da Seção de Ensino da APM em Porto Alegre
- Sgt Maria Terezinha Vedoy, 12º BPM - Caxias do Sul
- Sgt Magali Terezinha dos Santos - Departamento de Ensino da APM – POA
- Ten Maria Mercedes Prates de Godoy – Dep. Saúde POA,
- Sgt Tânia Aparecida Portela Ribeiro Santin – BOE-PF,
- Sgt Cimari Oliveira Furquim – DE APM- POA
- Sgt Roselaine Severo Schmidt – CABM
- Sgt Marli Terezinha Borges -
- Sd Lucélia Deon da Rosa - Reserva Remunerada
- Sgt Saionara Mancia de Oliveira – DLP - POA
- Sd Iracema de Fátima Beker – Departamento Administrativo - POA
- Sd Loila Maria Dill Camargo - Santa Rosa
- Sd Márcia Gomes Ferreira Raiter - Santa Rosa
- Sd Dione Aparecida Rodrigues - Santa Rosa
- Sgt Patrícia Lourenço Leite Machado – 3º RPMon
- Sd Miriam Canova da Rosa – 3º RPMon
- Sd Sandramara Dalatezze – 3º RPMon
- Sd Edenir Simone Carraro – 3º RPMon
- Sd Ana Regina da Silva Pimentel – 3º RPMon
- Sd Sandra Denise Pasqual – Não-me-Toque
- Sd Teosana Brugnera – Ciríaco
- Sd Marines Toniollo – Depar. Ensino - POA
- Sd Lazara Francisca Fonseca - Presídio Central - POA
- Sd Vera Lúcia Moreira Gonçalves - Presídio Central - POA
- Lucimar Dal Bello - Susepe
- Julia Wink Rosa - Susepe
- Solange Piton - Susepe
- Giovana Ancines, Anália Justina Antunes, Telma Campos Souza, Marli Salete Garcia, Ana Rita Martins da Silva, Maira Salerte Berton, Nadia Ivania dos Santos Carvalho, e Roselene Schnadelbach Vay, Márcia Regina Favretto, Maria Urbano da Silva, Eliane Fante Baratieri, não pertencem mais a Corporação.
Agradecimento especial para a Sd Miriam Canova da Rosa, do 3º RPMon, responsável por coletar e enviar toda a parte histórica do Pelotão Feminino.
fonte: http://www.diariodamanha.com/noticias.asp?a=view&id=1914
No dia 29 de outubro de 1990, 35 pessoas davam início ao bravo desafio de formar o Pelotão Feminino da Brigada Militar de Passo Fundo, comemora 20 anos de inclusão na Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul. Há 20 anos, quebrando paradigmas, a corporação se embelezava com a inclusão de 35 policiais do sexo feminino. Hoje são 38 delas no 3º RPMon, oferecendo segurança à população.
(O Fusca que fez nascer um amor / FOTO REPRODUÇÃO)
A história
Depois de nove meses de formação técnica e específica para a atividade de Policiamento Ostensivo, realizada em Porto Alegre, no dia 19 de julho de 1991, exatamente às 10h, sob olhares curiosos da várias pessoas, o comandante da escola, tenente coronel Álvaro Raul Cruz Ferreira e a comandante da turma, a 2º tenente Simone Kilian Braga, anunciavam a formatura da turma.
Em 10 de agosto de 1991, às 11h, no pátio do 3ºRPMon, tendo como comandante da unidade o tenente coronel Nei Roberto Flores Cáceres e o coronel Antonio Tadeu Monteiro Dourado, com a presença de várias autoridades, convidados e familiares, ocorreu a solenidade de incorporação do Pelotão Feminino do 3ºRPMon.
A expectativa foi grande, tanto na parte da comunidade presente na cerimônia, quando das novas policiais militares e seus colegas de trabalho. Na oportunidade foi inaugurado as novas instalações do Pelotão Feminino, construídas especialmente para as PMs. O Pelotão foi equipado também com uma viatura, um Fusca de prefixo 334, utilizado para o patrulhamento da cidade.
A imprensa escrita e falada da época, manifestaram-se sobre a atuação das Policiais Militares, como é possível relembrar no Diário da Manhã do dia 29/08/91, onde foi realizada uma pesquisa junto a comunidade para saber sobre a atuação das policiais femininas, se estas estavam agradando quanto as serviços prestados, sendo por unanimidade positivo o serviço executado pelas PM.
(A primeira turma do Pelotão Feminino / )
A mulher na polícia
O comandante do 3° RPMon, tenente coronel João Darci Gonçalves, garante que não há diferença entre o trabalho do homem e da mulher na polícia. “A mulher, quando entra na corporação, faz o mesmo curso. As instruções de defesa pessoal, de tiro e matérias técnicas, são as mesmas.”
Segundo Gonçalves, elas atuam em todas as frentes. “Elas trabalham no Pelotão Hipo, no POE, no Pelotão de Motos, na Sala de Operações e nas Seções Administrativas. Só não temos hoje mulheres trabalhando no presídio, mas não há um motivo de não ter. Se aparecer alguma voluntária para trabalhar no presídio elas também podem exercer essa função”, garante o coronel.
O comandante do 3° RPMon lembra que existe uma diferença natural da mulher para o homem, por ela ser mais delicada, ter um sorriso mais fácil, se cuidar mais mantendo a questão da beleza e cuidando melhor da farda. Para ele, as guerreiras que a 20 anos assumiram o desafio de formar o primeiro Pelotão Feminino tiveram de enfrentar muitos desafios. “Tive a oportunidade de dizer para elas que tiveram muita coragem, pois estavam quebrando um ciclo, algo que a Brigada Militar até então não tinha. Elas foram as primeiras e, sempre em uma primeira vez, a expectativa é maior. Não tinham sequer com quem buscar uma experiência, pois foram as primeiras e colocaram a cara para bater”, finaliza Gonçalves.
A escolha pela carreira
“Aos 21 anos de idade ganhei uma farda de um colega que hoje não está mais na Brigada. Sempre fui espontânea, gostava de ajudar o pessoal, de brigar por uma causa. A princípio queria ser enfermeira para ajudar a população, mas quando soube, em 1988, que havia possibilidade de mulheres fazerem parte da corporação da Brigada Militar, comecei a ligar para Porto Alegre e fazer contato, porque naquele tempo a idade era até 25 anos e eu não podia perder muito tempo. Comecei uma labuta, sou formada em Pedagogia pela UPF, e meu sonho sempre foi ser policial militar. Sou a única pessoa de toda a minha família que sou militar. Fiz curso para oficial, reprovei. Fiz para sargento, reprovei. Comecei a ficar desesperada, mas não desisti.” (Miriam)
São muitos fatores que levaram cada uma das bravas mulheres a optarem pela carreira policial. Infelizmente não foi ouvir todas elas, mas mesclando histórias das primeiras guerreiras que chegaram a Passo Fundo com as corajosas mulheres que continuam aceitando o desafio, é possível ter uma idéia dos desafios enfrentados em todas as fases.
A soldado Sandramara Dalatezze, que é uma das mulheres que ingressou na primeira turma, se espelhou na família para a escolha da profissão. Um pouco tímida diante do gravador, ela nos contou um pedaço de sua história. “O que me levou a querer seguir a carreira foi meus dois irmãos, que eram militares do exército. Como na época era difícil para a mulher ingressar nas Forças Armadas, a Brigada Militar era uma opção parecida, por isso me interessei.”
Já a soldado Luciane Andréia Schroeder, há pouco mais de quatro anos na corporação, com o sorriso no rosto lembra que se espelhou no irmão. “Entrei na Brigada Militar depois que meu irmão entrou. Até então não tinha nenhum familiar na polícia. Na época em que ele fez o concurso eu não tinha nem 18 anos completos, assim, tive que esperar o próximo concurso para poder fazer, quatro anos depois.”
Algumas mulheres escolheram a Brigada Militar por admirar a profissão, como no caso da soldado Francieli Rodrigues Seganfredo. “Sempre admirei a profissão e acho louvável e muito bonita a situação de quem se dispõe a trabalhar em prol dos outros, porque é uma vida inteira dedicada a cuidar dos outros. Como admiro demais essa profissão, decidi que queria ela para mim. Poder ajudar.”
Para Fernanda Correa, que ingressou na BM no final de 2007, a família foi o fator motivador. “Desde o início sabia que queria a Brigada. Meus parentes são militares e cresci vendo aquilo e achando lindo. Quando acabei meu ensino médio fiz o concurso, não tinha nem 18 anos ainda. A família foi a motivação. Somos em quatro irmão e minha mãe sempre dizia que seriam militares, aí no último filho, ainda uma mulher, decidiu seguir a carreira.”
“Os homens da família aceitaram, mas as mulheres não. Minha mãe e minhas tias achavam o fim do mundo eu entrar na polícia. Depois todos acostumaram com a idéia e todos aceitaram bem.” (Sandramara)
Enfrentar uma carreira que para muitos seria voltada para o homem foi um desafio para muitas das mulheres que buscaram o desafio de entrar na Brigada Militar. Se hoje ainda existem opiniões contrárias dentro da família, há 20 anos a dificuldade era ainda maior.
Para a soldado Luciane, a escolha dela e do irmão pela carreira militar não agradou a mãe. “A minha mãe não gostou. Ela chorou, não queria, achava muito arriscado e não aceitava ter os dois filhos militares em função do risco de vida. Agora, depois de quase quatro anos, ela aceita um pouquinho, mas não concorda com a minha escolha e pede sempre para eu estudar e tentar outra carreira.”
Já Francieli, mesmo tendo o pai na carreira militar, teve que insistir inicialmente para seguir ingressar na BM. “O meu pai era bombeiro e se licenciou da Brigada Militar antes mesmo de eu nascer. Ele não queria de jeito nenhum, disse que não concordava e que eu não iria entrar, porém, depois foi quem mais me deu apoio. Assim que passei na primeira fase do concurso ele foi comigo para Porto Alegre, me incentivou, me apoiou um monte. Minha mãe resistiu um pouco no começo, mas sem nunca dizer que sim ou que não, até hoje tu fala para ela em ir trabalhar na rua e ela se ‘escabela’, mas tem muito orgulho em sair dizendo que a filha dela é policial.”
A soldado Miriam da Rosa não recebeu apoio da família. Segundo ela, eles viam a policia militar como uma profissão não tão adequada para a mulher. “Ainda havia um preconceito, mas, no final das contas, meu pai e minha mãe me ajudaram do jeito deles.”
O desafio do curso de formação
“As situações que marcam são os cursos que fazemos. O meu foi o de soldado, que para mim foi muito difícil, pois não conhecia nada de hierarquia, de disciplina, não tinha noção do que era ‘sim senhor’, ‘não senhor’’. A gente sofre bastante, pois temos que ficar preparadas tanto fisicamente quanto psicologicamente.” (Luciane)
Nove meses de curso, encarando chuva e frio, com toda peculiaridade específica da mulher, foi só mais um dos desafios das bravas policiais que garantem que comandantes e colegas sempre souberam entender às situações com todo o respeito.
Visivelmente emocionada e não contendo as lágrimas, Miriam da Rosa relembrava o difícil início da carreira, quando se prepara para viajar para Porto Alegre. “Lembro que viajei com uma sacola azul e vermelha, onde coloquei as poucas roupas que tinha. Consegui comprar um chinelo de dedo e fui. Depois que passei a família compreendeu as minhas necessidades e angústias. A gente é do interior e, indo para a Capital, é tudo muito difícil. Ainda lembro que diziam: ‘os colonos de Passo Fundo’, pois em vez de dizer mangueira a gente dizia ‘manga’, puxava o ‘e’ na hora de falar ‘ leite’. Éramos criticadas nesse sentido”, relata Miriam.
Sandramara Dalatezze, com as mãos inquietas, parecia estar vendo o filme do momento da partida e lembrou que várias vezes teve vontade de voltar para casa. “Foi difícil para nós, pois na maioria éramos do interior e estávamos longe de casa, em um alojamento. Se você vai para o treinamento e depois pode ir para casa não fica tão difícil, mas lá estávamos o tempo todo, só podendo ir poucas vezes visitar a família. Tive vontade de ir embora, mas nessas horas pensava: ‘larguei meu emprego para estar aqui’, aí repensava e juntava forças para ficar.”
A carreira e o futuro
“Se fosse fazer tudo o que eu fiz, juro que faria tudo de novo, mesmo com todas as dificuldades. Entrei na Brigada por amor e faço tudo por amor. A Brigada é uma profissão, não é um trabalho. Sempre disse que não me importaria em receber ou não, pois é gratificante servir à população.” (Miriam)
O amor de Miriam pela profissão não é unânime a todas as colegas. Sandramara, por exemplo, garante que gosta do que faz, porém, devido ao aumento da violência, é provável que escolhesse uma carreira diferente. “Se fosse hoje talvez eu escolheria uma carreira diferente. A violência aumentou muito. No meu caso, estou a 15 anos fazendo o mesmo trabalho devido a um acidente que sofri. Na época da minha entrada, a gente ficava mais responsável por fazer o policiamento na frente dos colégios, era mais separado do masculino. Hoje já não há mais essa diferença, pois até o curso é em conjunto com os homens. O treinamento é o mesmo e se tornou bem mais complicado.”
Sandramara ainda tem três anos para fechar o tempo de serviço. Pensando no futuro com um sorriso no rosto, ela confessou que depois pretende montar algum negócio próprio para continuar trabalhando, mas sem àquela idéia de ter que cumprir um horário. Para ela, depois de longos anos na mesma atividade, não é mais possível ver as coisas de forma normal. “Você está sempre mais alerta e tudo isso se torna cansativo.” Ela garante que não pensa em voltar depois, mas também não descarta a possibilidade. “Quem sabe o cansaço faça a gente desanima um pouco e, depois de sair e descansar um pouco, o pensamento mude. Não vou dizer que não vou voltar, mas no momento ainda não penso nisso.” Ela complementa: “Se minha filha quisesse seguir a mesma carreira eu não iria contrariar, pois eu fui contrariada e achei ruim, mas procuro mostrar para ela um outro lado.”
Já Luciane Schroeder ama a profissão e só trocaria de ofício caso conseguisse passar em um concurso com maior remuneração, então, nas horas de folga da Brigada Militar se dedica aos estudos. Francieli tem o pensamento parecido com o de Miriam e, por amar ajudar o próximo, pretende continuar seguir na polícia. “Adoro a profissão e não trocaria. Meus planos são de crescer dentro da Brigada.”
Histórias de amor
“Quando viemos para cá foi feito um pelotão exclusivamente feminino. Tenho orgulho em dizer que era motorista da viatura 334 (um Fusca), que estava sempre com problemas. O sargento dizia assim: ‘Procura aquele baixinho que ele vai dar um jeito na viatura de vocês, procure que ele vai conseguir mais combustível’, e foi assim que conheci meu futuro marido. Começamos a conversar, a namorar, casamos, formamos uma família, temos dois filhos, e no dia 05 de dezembro faremos 18 anos de casados” (Miriam)
A bela história de Miriam é confirmada pelo marido Julio Eloir da Rosa, na época mecânico da Brigada Militar, hoje atuando no CRPO Planalto. “A partir do momento em que nos conhecemos foi nascendo uma amizade que com o tempo foi crescendo, até virar um amor. Na época ela era a motorista e eu o mecânico. Lembro que, quando o pelotão feminino veio para cá, foi eu quem foi pegar uma viatura e montar para servir a elas”, relata Julio.
Outra bela história foi vivida pela alegre soldado Luciane, que conheceu o futuro marido no regimento. Há alguns meses, ela viveu uma situação difícil ao lado do companheiro, quando os dois faziam patrulhamento, se defrontaram com ladrões de carro e trocaram tiros com eles. “Foi tão rápido que não saberia dizer o que senti no momento. Estávamos de um lado ele e eu e do outro os caras atirando contra a viatura. No momento não tive muito tempo de pensar, pois foi tudo muito rápido, mas fiquei com o coração na mão”, relata emocionada.
“Já aconteceu comigo.” Com esta afirmação, a soldado Fernanda Correa, há três anos na Brigada Militar, confessou que já teve o coração fisgado por um policia. “Conheci um colega de trabalho há dois anos e meio, mas foi fora da BM, e desde então estou com ele.”
Sandramara é uma exceção entre as policiais com quem tivemos a oportunidade de conversar. Ela se casou em 1995, cinco anos depois de entrar na Brigada Militar, porém, com um homem de fora da corporação. Para ela, o fato de ser uma policial nunca atrapalhou o relacionamento. “Estamos juntos há 15 anos e ele sempre aceitou bem a questão dos horários e do trabalho de policial.”
(A familia de Miriam foi formada dentro da Brigada Militar / )
O reconhecimento
“Se você vai atender uma ocorrência onde encontra uma mulher, normalmente ela te admira, te acha linda. A mulher normalmente tem você como um ídolo para ela. O homem ainda tem um machismo e fica meio desconfiado, ele respeita, mas ainda tem uma resistência” (Luciane)
Assim como o coronel Gonçalves definiu como de ‘muita coragem’ a trajetória das mulheres que fizeram parte do primeiro Pelotão Feminino, a soldado Luciane também é uma admiradora da mulher na BM e, principalmente, das guerreiras policiais com 20 anos de Brigada.
“Principalmente nos casos das colegas que tem 20 anos de Brigada minha a admiração é grande. Elas são verdadeiras guerreiras, pois para conciliar filho, trabalho e casa, além do que muitas que ainda estudam. Não é para qualquer uma. A rotina é puxada, pois você precisa dar atenção para os estudos, atenção para o trabalho, atenção para os filhos, atenção para o marido. Tu tem que se desdobrar em mil”, comenta.
Pelas ruas
“O que mais me impressionou nesse tempo de serviço foi o tempo que trabalhei na força-tarefa da ´Operação Canarinho´, na Penitenciária Estadual do Jacuí, onde pude ver como ‘não funciona’ o sistema carcerário. Eu trabalhava na sala de revista e tinha bastante contato com as visitas. Pude ouvir relatos e acompanhar tudo o que aquelas mulheres passam. Saber que tem pessoas que saem no meio da madrugada pare chegar na fila, esperando embaixo de sol e chuva, carregando sacolas e levando crianças, para visitar o companheiro preso. Eu não conseguia entender como era complexa a relação do ser humano. Como uma pessoa se sujeira a tanta coisa, se era amor ou o que seria então?” (Francieli Seganfredo)
Situações como a relatada pela soldado Francieli Seganfredo mostram um pouco da realidade encontrada pelos policiais nas ruas, mas que, aos olhos das mulheres, ganham outra dimensão no momento da análise de todo o contexto que representam. “Te desconcerta, por exemplo, encontrar menores de idade envolvidos em drogas. Como mulher policial, você tem que levar eles para a delegacia, mas a vontade é de cuidar, dar banho, colocar em um abrigo, porém, o dever legal é prender.” Quem complementa o relato é a soldado Luciane: “O homem não tem tanto sentimento, tanta emoção. A mulher, quando chega na ocorrência, já analisa todo o contexto. Por ela ter o instinto materno também tem o instinto de proteção, o que faz com que ela tenha um crítica mais forte e pesada em relação à ocorrência.”
A soldado Luciane Schroeder esteve duas vezes em Coqueiros do Sul, na época em que houve a invasão do MST em uma fazenda. Ela relata que viveu momentos de muita tensão. “Fiquei vinte dias acampada lá, fazendo barreiras junto com colegas, abaixo de chuva na madrugada e de sol forte durante o dia. Tínhamos um perímetro para identificar o pessoal que entrava e saia do movimento. Você está sempre com o coração na mão quando está nesse tipo de trabalho, pois não sabe o que pode acontecer no outro dia, na próxima hora, se vai ter o confronto ou não, é bem tenso psicologicamente.”
A vaidade feminina
“Pode usar maquiagem sim, mas tudo de maneira discreta. Um batom discreto, um esmalte clarinho, nada que chame muito a atenção. Até pelo que a farda representa para a sociedade. Mas vaidade todas nós temos, desde a unha pintada, o olho, o cabelo, o cuidado com a farda, a mulher é a mesma” (Luciane)
Onde elas estão hoje
- Major Simone Killian Braga, Chefe da Seção de Ensino da APM em Porto Alegre
- Sgt Maria Terezinha Vedoy, 12º BPM - Caxias do Sul
- Sgt Magali Terezinha dos Santos - Departamento de Ensino da APM – POA
- Ten Maria Mercedes Prates de Godoy – Dep. Saúde POA,
- Sgt Tânia Aparecida Portela Ribeiro Santin – BOE-PF,
- Sgt Cimari Oliveira Furquim – DE APM- POA
- Sgt Roselaine Severo Schmidt – CABM
- Sgt Marli Terezinha Borges -
- Sd Lucélia Deon da Rosa - Reserva Remunerada
- Sgt Saionara Mancia de Oliveira – DLP - POA
- Sd Iracema de Fátima Beker – Departamento Administrativo - POA
- Sd Loila Maria Dill Camargo - Santa Rosa
- Sd Márcia Gomes Ferreira Raiter - Santa Rosa
- Sd Dione Aparecida Rodrigues - Santa Rosa
- Sgt Patrícia Lourenço Leite Machado – 3º RPMon
- Sd Miriam Canova da Rosa – 3º RPMon
- Sd Sandramara Dalatezze – 3º RPMon
- Sd Edenir Simone Carraro – 3º RPMon
- Sd Ana Regina da Silva Pimentel – 3º RPMon
- Sd Sandra Denise Pasqual – Não-me-Toque
- Sd Teosana Brugnera – Ciríaco
- Sd Marines Toniollo – Depar. Ensino - POA
- Sd Lazara Francisca Fonseca - Presídio Central - POA
- Sd Vera Lúcia Moreira Gonçalves - Presídio Central - POA
- Lucimar Dal Bello - Susepe
- Julia Wink Rosa - Susepe
- Solange Piton - Susepe
- Giovana Ancines, Anália Justina Antunes, Telma Campos Souza, Marli Salete Garcia, Ana Rita Martins da Silva, Maira Salerte Berton, Nadia Ivania dos Santos Carvalho, e Roselene Schnadelbach Vay, Márcia Regina Favretto, Maria Urbano da Silva, Eliane Fante Baratieri, não pertencem mais a Corporação.
Agradecimento especial para a Sd Miriam Canova da Rosa, do 3º RPMon, responsável por coletar e enviar toda a parte histórica do Pelotão Feminino.
fonte: http://www.diariodamanha.com/noticias.asp?a=view&id=1914
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