sexta-feira, 18 de março de 2011

Uma brasileira no FBI

 
Claudio Gatti
“Dentro daquelas viaturas modernas, com computador
de bordo e toda a tecnologia, parecia
que eu fazia parte
de um filme’’

Fernanda Herbella,
que após o curso no
FBI fez estágio na
polícia de Nova York
  
Reprodução
A jovem delegada
de 25 anos nas provas do curso do FBI
Profissão
Uma brasileira no FBI
Filha de policiais, Fernanda Herbella é a primeira brasileira a participar de um curso no FBI e
não larga a arma nem quando vai ao cinema

Fábio Farah
 
Quem pensa que o caminho dos tijolos amarelos só existe no mundo mágico de Oz está enganado. Para policiais de vários países, ele tem um endereço bem real: Quantico, no estado americano de Virginia, dentro de uma base militar que se estende por cerca de 1.550 km2 e na qual funciona a academia do FBI, a Polícia Federal norte-americana. Em junho, a delegada brasileira Fernanda Herbella percorreu os 15 km da Yellow Brick Road, escondida na mata densa. Acompanhada por 11 policiais americanos, ela correu em labirintos, saltou obstáculos, rastejou em poços de lama sob arame farpado e escalou cordas. “Eu apenas pensava: Sou mulher, vou vencer. Sou brasileira e vou fazer bonito para o meu país. Não posso ficar para trás”, recorda-se Fernanda, que conseguiu chegar ao final.
A recompensa não estava no Palácio de Esmeraldas, mas
nas mãos de Robert S. Mueller, diretor do FBI. A Yellow
Brick Road 
era a última prova de um curso que durou dez semanas e contou com 230 alunos – 205 americanos e 25 estrangeiros. A mais jovem, Fernanda Herbella, 25, entrou para a história da polícia brasileira ao ser a primeira delegada do País a receber um diploma do FBI. Além de aulas diárias, das 8h às 17h, e palestras semanais, o treinamento da delegada incluiu o estágio de um fim de semana na polícia de Nova York, acompanhando policiais em patrulhas. “Dentro daquelas viaturas modernas, com computador de bordo e toda a tecnologia, parecia que eu fazia parte de um filme”, diz Fernanda, que não larga sua pistola 380 nem quando vai ao cinema com o noivo, que é juiz. “O policial não descansa nenhum dia. Eu indicio e prendo muita gente e, por isso, corro perigo a todo momento.”

De volta ao Brasil no início do mês, a delegada assumiu seu posto na delegacia da polícia civil, no aeroporto de Congonhas, decidida a usar a experiência adquirida para desvendar fraudes em caixas eletrônicos e nos sistemas informatizados das companhias aéreas, além dos golpes
de estelionatários – as ocorrências mais comuns em Congonhas. Entre as disciplinas do curso oferecido pelo
FBI, escolheu técnicas de interrogatório, antiterrorismo e investigação de homicídio e crime sexual. “Optei por ma-
térias que posso aplicar na polícia paulista. Mas não posso revelar o que aprendi”, diz a delegada.

Acostumada ao ambiente de delegacia desde pequena – o pai é delegado e a mãe policial –, Fernanda nunca teve dúvidas quanto à profissão. “Sempre quis ser delegada”, diz ela, que começou a carreira como investigadora de polícia, em 1997. Fluente em inglês e alemão, Fernanda era muito requisitada no meio policial para auxiliar em congressos internacionais, convidando palestrantes americanos e organizando os serviços de apoio, como escolta e reservas de hotel.
Foi assim que estreitou o relacionamento com policiais americanos e traçou sua rota até a Yellow Brick Road. Havia menos de um ano que ela era delegada quando recebeu uma ligação misteriosa da embaixada americana. Um padrinho secreto a indicara para fazer o curso no FBI e em menos de um mês ela embarcou rumo ao sonho americano. “É o desejo de todo policial fazer esse curso no FBI. Eu não pude fazê-lo, mas a Fernanda realizou o sonho por ela e por mim”, diz o pai Pedro Herbella, 64, delegado da classe especial. 


Fonte: http://www.terra.com.br/istoegente/217/reportagens/fernanda_herbella.htm

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